Por José Zeferino Pedrozo,
Presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SC (Faesc) e do
Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/SC).
Os
agentes econômicos iniciaram este ano de 2018 oscilando entre posições de
otimismo exacerbado e pessimismo moderado em razão das inúmeras variáveis
imprevisíveis que se afiguram no horizonte. Nesse aspecto, as eleições nos
planos federal e estadual concentram as maiores ansiedades e inquietudes de
empresários, trabalhadores e investidores.
É
inevitável reconhecer que, após o impeachment da presidente Dilma Rousseff, o
País experimentou uma fase de recuperação da economia, com recuo do desemprego,
lenta retomada dos investimentos, controle da inflação e tênue – porém
inequívoco – ressurgimento da confiança no mercado.
Escoimada
a roupagem ideologia dos debates, é racional reconhecer que o Brasil precisa
avançar nas reformas estruturantes. A reforma trabalhista foi um avanço que
melhorou as condições de empregabilidade no mercado, aliviando empresas e
empregadores de encargos insuportáveis. A reforma da Previdência é imperiosa –
e outras devem se seguir para preparar o Brasil aos desafios dos novos tempos.
O tamanho do Estado precisa ser reduzido, os privilégios contidos, a corrupção
combatida e a eficiência geral vigorosamente ampliada.
O
Congresso Nacional deixou de aprovar, ano passado, a reforma da Previdência e,
assim, contribuiu para a queda na nota (avaliação) atribuída ao Brasil pelas
agências internacionais de risco. É decepcionante perceber que, em 2018, os
congressistas dificilmente aprovarão reformas estruturantes em face da
proximidade com as eleições.
A
agricultura e o agronegócio acompanham o quadro político-eleitoral com especial
atenção. Nessa fase particularmente sensível da historia nacional, a campanha
eleitoral e o desenlace das eleições presidenciais terão efeito direto sobre a
economia. Há um nítido temor no mercado de que aventuras eleitorais com
plataformas populistas, recheadas de propostas irrealistas e impraticáveis,
minem as débeis conquistas econômicas. Essa situação pode ter um deletério
efeito – o de afastar ainda mais os investidores internacionais e desencorajar
os empresários e empreendedores brasileiros.
A
agricultura e o agronegócio, em que pese a formidável contribuição ao
desenvolvimento nacional, dependem em certa parcela de políticas públicas, como
o sistema de crédito rural e os financiamentos de projetos agrícolas e
pecuários. Também dependem de estruturas estatais para licenciamentos de
empreendimentos e a certificação sanitária, como o Serviço de Inspeção Federal
que atua nas indústrias de processamento de carne.
Os desafios da atualidade requerem
alto senso de responsabilidade dos candidatos à Presidência e compromisso com
os superiores interesses do País. Por isso, propostas radicais, excessivamente
à direita ou à esquerda, não devem ser estimuladas. O grande desafio dessas
eleições será substituir o ataque, o ódio e a intolerância pelo debate intelectualmente
honesto, pelo respeito às ideias do adversário e pela obediência à lei.